Atividades permanentes de alfabetização
As atividades permanentes de
alfabetização são situações de ensino e aprendizagem propostas diariamente às
crianças, até que elas cheguem à hipótese alfabética. São atividades
orientadas pelo princípio metodológico da resolução de problemas, pelo propósito
de favorecer a compreensão das regras de geração da escrita alfabética e pelo
entendimento de que a alfabetização é resultado de um exercício permanente de
análise e reflexão sobre a língua.
O princípio metodológico da
resolução de problemas pressupõe que essas atividades sejam sempre situações desafiadoras, ou seja, ao mesmo
tempo difíceis e possíveis de fazer. Para tanto, em se tratando da
alfabetização, é condição o professor conhecer as hipóteses de escrita das
crianças para adequar a tarefa ao que elas podem realizar e para agrupá-las de
modo que possam trabalhar produtivamente, aprendendo umas com as outras,
ajudando-se umas as outras, questionando-se...
Uma atividade é uma situação de
aprendizagem de fato quando:
Ø As crianças precisam por em jogo
tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo em torno do qual o professor
organizou a tarefa;
Ø As crianças têm problemas a
resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir;
Ø O conteúdo trabalhado mantem suas
características de objeto sociocultural real sem transformar-se em objeto
escolar vazio de significado social;
Ø A
organização da tarefa pelo professor garante a máxima circulação de informação
possível.
As atividades permanentes de
alfabetização, tal como são aqui concebidas, são basicamente de seis tipos (e,
sempre que possível, devem estar articuladas a outras propostas de trabalho
e/ou situações cotidianas vivenciadas pelas crianças):
Ø Escrever (como conseguir);
Ø Encontrar palavras em versos de
textos conhecidos;
Ø Encontrar itens de listas, quando
se sabe do que são as listas;
Ø Encontrar respostas para
adivinhas;
Ø Preencher cruzadinhas;
Ø Ordenar textos.
São situações de “ler sem saber
ler” e de “escrever sem saber escrever convencionalmente”, que exigem que a
criança utilize diferentes procedimentos de analise e reflexão sobre a escrita:
Para poder ‘ler’ textos quando
ainda não sabe ler convencionalmente, e necessário que utilize o conhecimento
de que dispõe sobre a escrita e tenha informações parciais acerca do conteúdo
do texto, podendo assim fazer suposições a respeito do que pode estar escrito.
Ø Para poder escrever textos quando
ainda não se sabe escrever, é preciso que escolha quantas e quais letras vai
utilizar – e, se a proposta for trabalhar junto com um colega que faz outras
opções de uso das letras, refletir a respeito de escolhas diferentes para as
mesmas necessidades.
Ø Para poder interpretar a própria
escrita quando ainda não sabe ler e escrever, é preciso justificar as escolhas
feitas, para si mesma e para os outros, com todas as explicações que isso
demanda: por que sobram letras, por que elas parecem estar fora de ordem, por
que parece estar escrito errado conforme seu próprio critério, etc.
Quando as crianças ainda não
compreenderam como funciona a escrita alfabética, ou seja, não compreenderam a
natureza da correspondência letra-som, algumas recomendações são importantes e,
por isso, seguem abaixo. Elas vão desde propostas mais adequadas para crianças
com hipótese pré-silábica até as recém-alfabéticas:
Se as crianças ainda não
estabelecem relação entre fala e escrita é fundamental criar situações de
aprendizagem para que:
Ø Assistam muitos atos de leitura
em que e mostrado onde esta escrito o que se lê;
Ø “Leiam” textos cujo conteúdo
sabem de cor, recebendo previamente a informação de qual texto e, para que
possam tentar ajustar o que sabem que esta escrito com a própria escrita;
Ø Escrevam pequenos textos (que
lhes façam sentido) e ‘leiam’ suas escritas para o professor, justificando suas
escolhas;
Ø Trabalhem com colegas que já
compreenderam que ha relação entre fala e escrita, mas que ainda não estejam
alfabetizados;
Ø Realizem atividades com o próprio
nome e com os nomes de pessoas que gostem.
Se já estabeleceram relação entre
fala e escrita, mas ainda não compreenderam a natureza da correspondência
letra-som, e fundamental planejar situações de aprendizagem em que, além de
procedimentos semelhantes aos descritos acima, as crianças:
Ø ‘Leiam’ textos fazendo uso de outras
estratégias de leitura além da decodificação (ou seja, estratégias de
antecipação, inferência, seleção, verificação); sejam desafiadas a pensar no
valor sonoro convencional das letras; interajam com colegas que dão soluções
diferentes para os desafios colocados pelas atividades.
– por exemplo, quem já tem algum
conhecimento do valor sonoro convencional das letras trabalhando com quem ainda
não tem.
E, quando compreenderam muito
recentemente a escrita alfabética, e fundamental planejar situações de aprendizagem
para que as crianças:
Ø Leiam muitos textos de conteúdo
parcialmente conhecido, de forma a se sentirem seguras para ler cada vez mais;
Ø Realizem atividades que coloquem
em questão a divisão do texto em palavras e a ortografia;
Ø Trabalhem
com colegas que já considerem a divisão do texto em palavras e a ortografia.
Assim, o trabalho com atividades
permanentes de alfabetização deve começar pela familiarização das crianças em
relação aos procedimentos necessários para ‘ler sem saber ler’ e ‘escrever sem
saber escrever’. É fazendo esse tipo de atividade que elas vão compreendendo
como é possível proceder... De início, com ajuda do professor, depois, com os
colegas e depois sozinhas. É isso o que tem sido chamado de delegação progressiva de responsabilidade: à medida que as crianças vão se
familiarizando com uma tarefa que não lhes é ainda conhecida, o professor vai
passando da posição central para a de monitor – quando elas assumem
gradualmente responsabilidade de execução da tarefa.
O fato é que as atividades
permanentes de alfabetização não variam muito, pois o mais importante nesse
caso não é a novidade, mas sim a possibilidade de mobilizar os procedimentos
que podem fazer com que as crianças analisem o funcionamento da escrita
alfabética.
Retirado: CADERNO DO PROFESSOR
Contribuições para o trabalho pedagógico - EDUCACAO INFANTIL E
ENSINO FUNDAMENTAL
ATIVIDADES PERMANENTES
DE ALFABETIZAÇÃO PÁGs 45 A 65
SEGUE
ANEXO ALGUNS MODELOS DESTE TIPO DE ATIVIDADE.
PROFESSOR:
USE E ABUSE DA SUA CRIATIVIDADE PARA CRIAR NOVAS ATIVIDADES COM DIFERENTES
CAMPOS SEMÂNTICOS, MAS LEMBRE-SE: SEM A DEVIDA INTERVENÇÃO (BOAS QUESTÕES QUE IRÃO DESESTABILIZAR A HIPÓTESE DOS ALUNOS, LEVANDO-OS
ASSIM A PENSAR), ESSAS ATIVIDADES NÃO AJUDARÃO NOSSOS ALUNOS A AVANÇAREM.
ENCONTRAR RESPOSTAS PARA ADIVINHAS
Em relação às adivinhas, é
preciso considerar que, no momento de fazer a atividade da forma aqui proposta,
o objetivo não é que os alunos adivinhem a
resposta, mas sim que encontrem, entre três ou mais palavras parecidas, uma
resposta que elas já conhecem.
Portanto, a brincadeira de
descobrir qual é a resposta deve ser feita, coletivamente, antes da atividade.
Evidentemente, como os alunos ainda não sabem ler convencionalmente, a leitura
da adivinha deve ser feita pelo professor.
Depois
de ler a adivinha e brincar com os alunos, discuta com eles até que cheguem à
resposta certa. É importante que compreendam o sentido figurado de algumas
palavras, os trocadilhos, as brincadeiras que se faz com as palavras para organizá-las
de forma engraçada...
Esse
cuidado não visa o aprofundamento de uma das várias características desse
gênero, e, sim, favorecer a construção de sentidos para ajudar os alunos a saberem
de cor as adivinhas e suas respostas. Por isso, o grande desafio desta
estratégia didática está na leitura, na escolha da resposta para a adivinha
realizada pelos alunos.
ATIVIDADE
|
Encontrar respostas para adivinhas
|
O QUE O PROFESSOR
PRECISA FAZER
|
-Agrupar os alunos ajustando o
nível de desafio as suas possibilidades, para que tenham problemas a
resolver;
-Ler a adivinha para os alunos
e junto com os alunos chegar à resposta oral dela;
-Propor a tarefa – entregar uma
folha com a atividade para cada dupla localizar qual a resposta para aquela
adivinha.
-Solicitar que os alunos
socializem e expliquem como procederam para encontrar as respostas dizendo
como foram encontradas.
|
O QUE OS ALUNOS
PRECISAM SABER
|
-A resposta da adivinha.
-Que têm uma tarefa a realizar
e que precisarão fazê-la da melhor forma que conseguirem, contando coma a
ajuda de um colega.
|
O QUE OS ALUNOS
PRECISAM FAZER
|
-Ouvir a leitura feita pelo
professor;
-Ler o que foi solicitado pelo professor;
-Discutir com o colega para
encontrar a resposta da adivinha;
-Compartilhar com os colegas as
respostas encontradas explicando o porquê de suas escolhas.
-Variações para alunos com
hipótese de escrita escrita alfabética ou silábico alfabética:
-Ler a adivinha sem que o
professor leia para eles, e encontrar a resposta com certa autonomia, porém
tendo também que justificar e explicar suas respostas ao professor ou
-Ler a adivinha (sem as
respostas) e escrever a resposta.
|
O
QUE MAIS FAZER
|
Atenção!!!!
Esta atividade só começa de verdade após o aluno escolher a resposta, quando
o professor questionar e pedir ao aluno que justifique sua escolha, que
explique porque escolheu “aquela” palavra. Portanto é necessário uma boa intervenção
do professor: solicitando/ perguntando ao aluno sempre:
·
Leia mostrando com o dedo a resposta escolhida.
·
Porque você escolheu esta e não outra resposta?
·
Observe a lista de nomes da classe. O nome de “fulano”
ajuda a saber qual a resposta que você deve marcar?
·
O cartaz do texto “.......” Ajuda a descobrir qual é a
resposta que você está procurando? (professor mencione outras palavras
estáveis que contenham letra ou sílaba da palavra em questão orientando o
aluno a buscar nelas referências/pistas para a escolha que irá fazer).
·
Com que letra começa a palavra que você procura? Com que
letra termina?
·
Qual letra deve vir antes? Qual será a próxima letra?
|
1-ADIVINHE SE FOR CAPAZ!
VOCÊ JÁ SABE: ASSIM QUE O PROFESSOR LER CADA
ADIVINHA, LEMBRE OU DESCUBRA PRIMEIRO QUAL É A RESPOSTA. DEPOIS PROCURE ONDE A
RESPOSTA ESTÁ ESCRITA E CIRCULE - A. ATENÇÃO: ESTA É SÓ DE COISAS DO NOSSO
CORPO!
PARA RESOLVER AS ADIVINHAS,
SIGA ESTAS DICAS:
1. ESCUTE CADA PERGUNTA,
PENSE E PRESTE ATENÇÃO NA RESPOSTA.
2. COM AJUDA DE UM COLEGA,
ESCOLHA UMA DAS PALAVRAS, QUE LHE PARECER A CERTA.
3. CONVERSE COM SEU
PROFESSOR E COLEGAS E EXPLIQUE-LHES O MOTIVO DE SUA ESCOLHA.
|
O QUE É, O QUE É?
1. VIRA
A CABEÇA DO HOMEM.
PERNA
|
PESCOÇO
|
PERNILONGO
|
2. DORME
EM PÉ E ANDA DEITADO?
PÓ
|
PÁ
|
PÉ
|
3. QUANDO
SE MEXE ALCANÇA O CÉU.
LUA
|
LIMA
|
LÍNGUA
|
4. UMA
PARTE SEM SERVENTIA, NÃO EXISTE QUEM NÃO TEM, HOMEM TEM, MULHER TEM, VELHO E
CRIANÇA TAMBÉM.
UMBIGO
|
UNHA
|
URUBU
|
5. SÃO
DUAS IRMÃS GÊMEAS, MORAM JUNTAS E NUNCA SE VIRAM ANTES.
ONÇAS
|
OVELHAS
|
ORELHAS
|
2-SEU PROFESSOR LERÁ A
ADIVINHAÇÃO, A CLASSE TODA RESPONDERÁ E VOCÊ DEVE ENCONTRAR E CIRCULAR A
RESPOSTA CERTA. ESTAS SÃO DA NATUREZA.
PARA RESOLVER AS ADIVINHAS,
SIGA ESTAS DICAS:
1. ESCUTE CADA PERGUNTA,
PENSE E PRESTE ATENÇÃO NA RESPOSTA.
2. COM AJUDA DE UM COLEGA,
ESCOLHA UMA DAS PALAVRAS, QUE LHE PARECER A CERTA.
3. CONVERSE COM SEU
PROFESSOR E COLEGAS E EXPLIQUE-LHES O MOTIVO DE SUA ESCOLHA.
|
O QUE
É, O QUE É?
1-
ELE CORRE E CORRE, MAS NUNCA SE
CANSA. ELE DESCE A MONTANHA, MAS SUBIR É FAÇANHA?
MIO
|
RIO
|
FIO
|
2-
O QUE É VERMELHO, MAS DEIXA
RASTROS PRETOS?
FOCO
|
FOTO
|
FOGO
|
3-
O QUE É QUE A GENTE SENTE MAS NÃO
VÊ?
VENTO
|
VENDO
|
CENTO
|
4-
O QUE É QUE ENTRA NA ÁGUA SEM
MOLHAR?
GOL
|
SOL
|
ROL
|
5-
O QUE É QUE NASCE EM PÉ E CORRE
DEITADO?
CHULA
|
CHUTA
|
CHUVA
|